todos livres

cheers á música
a minha arte não surgiu do nada, tipo um dom
ela teve que ser conquistada, ouvindo som
não me venham com conversas de talentos inatos
porque talentos todos temos, mas nem todos estamos gratos
pela capacidade independente da idade
de expor a nossa verdade no seio da sociedade
o meu maior obrigada é para as bandas e colectivos
ou artistas a solo que me ensináram mais q'ós livros
faixas que me abriram exponencialmente os horizontes
albuns que me permitiram chegar mais longe que pontes
o processo começou ainda era eu menos que uma pita
na sala de minha casa ouvindo otis e arteha
o sentimento do soul e o groove do funk
a entrarem nestas orelhas tipo mosh pit num gig punk
os anos passáram e curtia a cena da irmã cota
sons de bob e pensador eu não perdia uma nota
criei fortes raízes na musique de intervenção
sei tudo de cor de zeca afonso por causa dessa paixão
ia entendendo a merda do sistema e ficando revoltada
metia-me em grandes concertos de ska e punkalhada
até que um dia ouvi sam e senti-me iluminada
e viciei-me no hip-hop -- em som já era viciada
mc xeg, d-mars valete, nel'assassin e dealema
são tipo santos na tuga, resolvem qualquer problema
depois vivi uns tempos fora, abridor de latas para a mente
e juntei á minha bagagem muito som novo e diferente
se eu fosse dj passava lady sovereign
o sunshowers da m.i.a e uma beca de grime
hoje aqui e agora sou um puzzle de influências
e respeito toda a música que me deu experiências
impossíveis de compilar em qualquer compilação
porque eu curto tanta coisa e de tanta geração
cheers á música, ensináste-me a viver
cheers ás pessoas que se esforçam pra te fazer


para ouvir: "o rap é uma potência" --xeg -- remisturas vol. 1
na imagem : a.m.o.r. no chiado (fotografia de sister inês pestana)